setembro 01, 2009

Lenço

Dizem que os espanhóis são muito católicos. Creio que é verdade. Em todas as igrejas são muitos os horários de missa e há muitas paróquias em Madrid. Algumas bem bonitas e antigas.
Historicamente, eu sei, muitas igrejas foram construídas com o intuito de dar ao homem uma certa dimensão do poder de Deus. A sensação de que ficamos "pequenos" em muitas delas é exatamente isso. Algo comum por aqui.
É claro que não sou muito bom para falar desses assuntos. Longe de ser um expert, bem como um religioso ferrenho...
Todavia, ontem procurei uma igreja. Fui à missa. Estava atrás não da "pequenez", mas de um ambiente que me proporcionasse uma pouco de espitiritualidade. Desde alguns dias eu sentia que estava faltando um pouco disso nessa minha experiência de conversar comigo mesmo. E achei que num lugar silencioso, ou repleto de uma certa "aura" de crença (e de arquitetura), eu poderia reencontrar certas sensações.
Comecei a assistir a missa, em espanhol. E fui me dando conta que sabia tudo, em português. O padre falava, eu já sabia o que dizer. As pessoas falavam em espanhol e eu dizia, pra mim mesmo, em português... Coisas da educação católica. Que, confesso, me incomodou pela forma mecânica que assumiu. Não era bem isso que eu "buscava". Mas assim me deixei levar até o momento da comunhão.
Uma vez "abençoado", fui voltando para o meu lugar. Só que no meio do caminho, o olho encheu "d'água". Sentei, comecei a rezar, e as lágrimas foram rolando, rolando. Sozinhas. Sem querer, involuntariamente, comecei a fazer algo que eu não tinha feito até então: chorar. Chorei e deixei o choro vir. Bem baixinho. Não estava triste. Foi o corpo que quis. Uma necessidade. Explosão de agosto.
Pensei no mês acabando, em tudo que tinha acontecido do 01 até o 31, de BH a Madrid. Foi quando, na minha frente, apareceu um lenço. Uma moça me ofereceu um lenço de papel. Agradeci. Ela sorriu timidamente. Além de pensar em mim, comecei a pensar no lenço. Os dois pensamentos eram eu (sic).

3 comentários:

Unknown disse...

Oi Fred! que lindo texto, mexeu comigo.também me passa algo semelhante nas raras vezes que vou a igreja...tb fui educada e socializada no ambiente católico das missas e da catequese...bj grande, Vera

Carol Dib disse...

Oi Fred! Mergulhei junto com sua fé e acabei ficando baixinha, bem baixinha diante de todos estes sentimentos, imagens e explosão de agosto!!!
Vai com fé!

Adriana Santana disse...

que texto lindo, doutor. não há como se comparar com o meu. mas, olha, que coisa... pois a minha experiência também foi num ambiente religioso, e as lágrimas rolaram soltas, decididas, autônomas. que belo texto. e que singela coincidência!. bj