Ontem (domingo) aproveitamos mais uma vez os horários de visitação gratuita dos museus de Madrid e fomos ao Prado. Na sala 12 da "Planta 1" está o quadro "Las Meninas", do pintor espanhol Diego Velásquez. Talvez, a nossa "menina dos olhos", com o perdão do quase-trocadilho.
Diante da obra, cujas dimensões nos surpreenderam, três momentos. Um primeiro, de admiração, contemplação e busca de espaço em meio ao público. Um segundo, de escutar os turistas brasileiros falando alto, embasbacados e com comentários do tipo "aquela tem uma cara de brava" (será que também fa(i)zemos isso?). E um terceiro, mais distante, que foi a recordação de um texto que eu tinha lido sobre o quadro quando estava no 6º período da graduação, cursando uma disciplina optativa no departamento de Ciências Sociais. Segue um "trechinho" abaixo.
Diego Velásquez, Las Meninas, 1656.
"Talvez haja, neste quadro de Velásquez, como que a representação da representação clássica e a definição do espaço que ela abre. Com efeito, ela intenta representar-se a si mesma em todos os seus elementos, com suas imagens, os olhares nos quais ela se oferece, os rostos que torna visíveis, os gestos que a fazem nascer. Mas aí, nessa dispersão que ela reúne e exibe em conjunto, por todas as partes um vazio essencial é imperiosamente indicado: o desaparecimento necessário daquilo que a funda - daquele a quem ela se assemelha e daquele a cujos olhos ela não passa de semelhança. Esse sujeito mesmo - que é o mesmo - foi elidido. E livre, enfim, dessa relação que a acorrentava, a representação pode se dar como pura representação."
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. Martins Fontes, 2002, pp. 20-21
Nenhum comentário:
Postar um comentário