Está no durante das coisas, dos momentos. É concomitante ao que se realiza. E se assim se manifesta, permite um experimentar, por isso, intenso.
Mas também está no pré e no pós. No preparo que antecede algo, muitas vezes travestido de expectativa. No depois, como nostalgia ou como compreensão do que significou o que passou. Em exemplo bem cotidiano: seria como um dar-se conta da importância posterior atribuída àquilo que não temos mais. Ou outro exemplo melhor ainda: saudade.
Estou voltando de um intervalo. Algo que recheia tempos de mim mesmo. Intervalo de estar para ser. Intervalo de ser para estar. Um tempo que tem origem e razão numa escolha profissional. Pensada, mas imprevisível. Opção privilegiada pela própria existência deste optar, mas com uma pitada de esforço e mérito. Uma opção que envolveu âmbitos e pessoas diversos. Que partem ou que ficam. Opção que não será só minha, penso eu. Opção que me arrebatou pela maneira como foi, pelas surpresas que me ofereceu. Opção extra-ordinária. Que confirmou e redirecionou eixos que eu tinha como certos. Centramentos descentrados. Tudo começado há exatos - exatamente hoje - três anos. E que continua, agora, reinaugurando-se.
Não sei se isso foi uma pausa. Não sei se foi uma quebra, ruptura. Necessidade. Não sei. Sei do sentido. Sei das mudanças. Sei das causas e consequências. Do que eu sentia que poderia acontecer. Do que aconteceu. Se hoje sou uma pessoa melhor, mais completa etc? Não tenho dúvida. Comparativamente sim. Talvez também o seria se tivesse permanecido, mantido tudo na "ordem prevista". Pois as mudanças, nossas, só acontecem "desde" a gente mesmo. Um quando, independente do onde, que tem a ver com um como no quem. Intensidade, portanto. Antes, durante e depois.
Neste caso, intenso intervalar. Verbo pouco usado. Na prática, difícil de existir. Pois muito mais que o gesto que ele pede, está presente o significado dele mesmo. Que por si só, o ultrapassa. E que, quem sabe, um dia, se repete. Por único que é.
Nenhum comentário:
Postar um comentário