junho 10, 2010

cadernos

Quando morei na Espanha, eu andei o tempo todo com um caderninho de viagem a tiracolo (quem me lia aqui sabe disso). Foi um hábito novo, que me pedia o anotar descompromissado e dava licença à inspiração, por menos inspirada que fosse. Antes disso, na vida "profissional/estudantil" sempre usei - e bem - meus cadernos.
Na pesquisa, trabalho sempre com um caderno de apontamentos de leituras, outro de apontamentos de insights e outro para reuniões, aulas, palestras. No dia-a-dia como aluno, carregava um caderno grosso, de muitas páginas, e costumava ficar a aula inteira anotando, quase sem respirar. Na infância e adolescência, cheguei a esboçar um diário. Agora me rendi também às anotações virtuais, aqui.
A única coisa que até hoje não tenho - o que será surpresa para alguns - é uma agenda. Já tentei e retentei usar. Mas quando começo, depois de alguns meses ou semanas, já está ela lá, abandonada, como sempre. Como eu faço então? Deixo tudo na cabeça! (Enquanto der, assim será...)
Enfim, todo esse nariz-de-cera* para dizer que hoje, ao buscar umas anotações no meu caderno de aulas do Doutorado, caiu no meu colo, de presente, uma frase. Que cito aqui com data e referência de autor (outro hábito que tenho é anotar data e cidade em qualquer escrito meu):

"O Doutorado é um projeto de vida. Por isso, cuidado para não ser burocrata, fazer o que tem que fazer e, ao final, esquecer-se do principal: a transformação que ele nos provoca" (do professor Alberto Efendy Maldonado, dia 22 de agosto de 2007).

Li, reli, pensei e acrescentei: "a transformação vem de vários lados". Verdade verdadeira.

* o nariz-de-cera, segundo definição do "Glossário de Jornalismo" organizado por Maria Rosane Ribeiro é: "uma introdução vaga, sem necessidade, de uma matéria". Essa e outras definições também no Portal Imprensa.

3 comentários:

Bruno Bini disse...

Iluminada a data escolhida pelo Prof. Maldonado para a reflexão.

gs disse...

Desisti das agendas quando, com o passar dos anos, as descobri como "cemitérios" de gente que nos passa na vida. Deprimente passar o ano e abater uns tantos, ou descobrir que fomos nós os abatidos; nomes e lugares, datas e recordações a que nenhum número dá já acesso.

Também me rendi sempre aos cadernos, porque neles nada nem ninguém morre.

Lígia disse...

eu não vivo sem agenda, como assim alguém consegue não ter agenda, haha... eu preciso de agenda, porque não consigo lidar com as burocracias, tem que estar tudo anotadinho.

mas tenho também dois cadernos, um mais livre, um de aulas e as anotações de leitura vão nos papeis soltos, me sinto mais livre lendo assim.

é legal saber às vezes detalhes dos amigos!
bjs