julho 15, 2010

releitura

"O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer: a primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo e abrir espaços" (p. 158)

CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. Rio de Janeiro: O Globo / São Paulo: Folha de S. Paulo, 2003.

2 comentários:

Adriana Santana disse...

caramba, que trecho arrasador. e calvino chega a explicar como identificar os não-infernais e despachar os outros? se houver manual pra isso, manda pra mim! :)

Fred Tavares disse...

Pois é, Calvino falando justamente de um grande Atlas e de viagens "sobre" cidades cujo ultimo porto é infernal... Mas vale outra citação, que vem antes. Talvez esteja (sempre) em nós uma "saída": "Você, que explora em profundidade e é capaz de interpretar os símbolos, saberia me dizer em direção a qual desses futuros nos levam ventos propícios?"