Amor é sentimento perene. Corre como o rio, num leito próprio e mutável. Tem seu transcurso cheio de acidentes. E possui uma só nascente.
Às vezes, o fim de uma relação pode trazer a frustração do amor. Sensação de perda e mortalidade. Mas aquele amor que se foi, já era outro. E só o era porque existiu como fluxo. O que o originou permanece. Não apenas pelo Outro, pelo que é do Outro. Mas pelo que existiu a partir do Outro.
Lá no coração, de onde jorra o sentimento, o que habita e vem do fundo é fundante e puro. Ainda não acumulou nem escavou nada. Tampouco foi atritado ou transposto.
Quando há um quando que é fim, é preciso aceitá-lo e olhar para o começo. É o que faz possível a permanência do gostar. Gostar ainda. De uma maneira que não muda. E que não é a mesma. O amor que antecede o amor que existiu é sempre o verdadeiro. É aquele amor que dá a ver a maneira como sabemos, individualmente, gostar. Algo que é pessoal, mas que precisa de um Outro para ser. Por isso sua constância. E diversidade.
Permissão, aceitação e compreensão. Oscilação.
Perder um amor é ganhar a dúvida se saberemos novamente amar alguém. Mas amar não é apenas sentir. É, antes disso, saber sentir. E, assim, sermos amados.
Um comentário:
Lindo, lindo, lindo.
Posso chorar agora?
Postar um comentário