Dezembro veio e se instalou. Trouxe a urgência do que não pode ficar. Demandas da ordem do ontem que não podem ser mais do amanhã. Finalizações, como diz o jargão do calendário que se completa. Dias acionados e vividos em palavras que convergem para o verbete do terminar. Findar estabelecido e previsto. Materializam-se a correria, o abafamento, a listagem do que resta.
Há muito eu não tinha um dezembro como esse. Intenso. Aliás, arrisco quase a dizer que há muito eu não tinha dezembro. Andava eu com uma temporalidade esquizofrênica, com anos que começavam em março mas que não anunciavam seu fim. Coisas do labor que se foi.
Hoje, no final da tarde, uma linda tarde de sol, olhei para a grande avenida que me guiava para casa e pensei. Pensei em um monte de coisas. Pensei nesse dezembro. Dezembro de 2011. Pensei no ano que se vai e no que ele (me) encaminhou. Pensei na sua diferença. Pensei na minha diferença. Na sua importância, dificuldades, imposições e escolhas. Senti.
Há um ano, não me imaginaria naquele trajeto. Não saberia dizer desse lugar. De suas companhias de perto e de longe. Senti o inesperado e sua lição que precisa de tempo. Percepção semi-tardia. Involuntária. Outra demanda de dezembro. De outra ordem. Que não é do imperativo, mas da decantação.
Dezembro veio e se instalou. Trouxe, então, a evidência do que fica. Também. O reconhecer imprevisto e sensível do que me move. O perceber do sentido que me faz concluir. Sensação datada da igualdade do que permanece, decantado por dentro, e que permite pensar o 2012. Reunião do que, em conjunto, já (me) permite ver o novo que se aproxima. Previsão compartilhada pelo irresoluto que me acompanha e que acompanha qualquer um. Aquele que não precisa ser concluído, que permanece. E que começo, enfim, a avistar.
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