abril 22, 2012

heraclitante

"Depois do acontecido, aconteça". A frase veio solta, numa conversa despretensiosa de bebes e comes. Com o propósito de indicar que certos efeitos também solicitam novas ações. Parece até coisa de autoajuda. Só que a intenção era outra, de sabedoria. As palavras vinham de quem tinha experiência. E que pelo vivido, sabia sobre aquele significado.

Dias depois, interpretei à minha maneira tudo aquilo. Acontecer sobre o acontecido não é gerar um acontecimento sobre o outro, em escala contínua, como se tudo fosse resposta. Tem a ver, também, com absorver a trivialidade da rotina restabelecida, que não é mais a mesma. Agir sobre ela com a naturalidade do que se supera e se assume como trivial. Algo que, numa apropriação justamente cotidiana, apressada, pode levar à leitura rasa da autocompreensão pela superficialidade do sentido. Inclusive o filosófico.

A fluidez do mundo, diz-se, há muito tempo, é como a de um rio, em cujas águas não é possível mergulhar mais de uma vez. Um fluxo dialético, é verdade. E, por que não lembrar, também cercado de sua própria e necessária banalidade.

Um comentário:

Adriana Santana disse...

Flutuemos, pois!