Fiquei minutos lendo aquelas palavras e analisando a fotografia. Mais que a novidade em si, o gesto do email me pegou. Me abraçou. Me transportou longe. Obrigado.
Ao ver meu pai com sua nova aquisição, consegui imaginar sua roupa delgada (não herdei a sempre magreza do sr. Zé Osvaldo) à noite, amarrotada no banheiro e com odor de sitio. Desde pequeno tenho essa imagem. Botas, calça suja, blusa amassada e o cheiro das cabras, dos bichos, nessa roupa pendurada no banheiro amarelo, à direita, no corredor da casa.
Consegui enxergar todos os movimentos e elementos que estavam na foto. Consegui sentir o calor, a grama, os ruidos e minha mãe, ao fundo, dizendo algo para dirigir a fotografia, alegre que só. Vi o entusiasmo do meu pai com seu novo xodó...
Outro dia eu disse: "você pensa de vez em quando que há um oceano que nos separa de casa?". Ela respondeu que sim. E pensamos juntos: "só que uma vez aqui, o Brasil parece mais perto da Europa do que a Europa do Brasil". É um pouco da vontade intermitente de estar lá, acho. Coisas do sentir.
A imagem que veio me lembrou um poema da mineira Adélia Prado (esses mineiros...). Creio que ambos, minha leitura da foto e os dizeres da Adélia, caem como uma luva para o que há no sanduíche de doutorado e além dele. No meu, pelo menos. Estudo e coração.
Ensinamento
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
2 comentários:
Fred,
quando a grnte se afasta de uma pessoa,só acontece no espaço físico. Ela fica dentro da gente.Com seus sorrisos, conselhos, carinhos, cheiros. A gente fica só com uma baita ¨morriña¨.
Beijão.
Puxa....acho que captei as emoções desse texto, dessa foto, daquele Sr. Moço tão simpático da foto, da resposta da mãe saudosa....O TREM BÃO SÔ!!!
Daí uma música me veio a mente: "Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a lígua dos anjos, sem amor...eu nada seria...."
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